domingo, abril 17, 2011

Teus Olhos

Há tanta coisa
Escondida
No escuro dos teus olhos
Tanta coisa no
Profundo
Dos teus olhos
Tantos
Desejos nos meus
E nos teus
Tantos olhos
Um tanto de
Mistério
Olhos invendáveis
Aos olhos meus

sábado, abril 16, 2011

Poema de Dia.

Gosto de ti, céu azul
Quando moves teu corpo
E te colores de escuro,
Quando te bordas de brilho
À luz solitária de estrelas.
Gosto de ti quando me sonhas.
De ti, amplo espaço habitado
Por loucos cosmos rotineiros,
E dos teus choros, teus lamentos,
Dos teus cinzas tangados
E do abrigo que me supões dar.
Gosto do teu silêncio,
Dos teus olhos
Onde começam promessas
Onde terminam promessas
Onde me consolas com teu vazio pleno de vida.

sexta-feira, abril 15, 2011

Fragmentos.

"(...)Num deserto de almas também desertas, uma alma especial reconhece de imediato a outra - Talvez por isso, quem sabe?(...)"

"(...)enfim: que mais restava àqueles dois senão, pouco a pouco, se aproximarem, se conhecerem, se misturarem? Pois foi o que aconteceu. Mas tão lentamente que eles mesmos mal perceberam(...)"

"(...)Sem terem exatamente consciência disso, quando juntos os dois aprumavam ainda mais o porte e, por assim dizer, quase cintilavam, o bonito de dentro de um estimulando o bonito de fora do outro e vice-versa. Como se houvesse, entre aqueles dois, uma estranha e secreta harmonia(...)"

"(...)Também vieram histórias pessoais, passados, alguns sonhos, pequenas esperanças e sobretudo queixas(...) De muitas coisas falaram aqueles dois nessa manhã, menos da falta um do outro que sequer sabiam claramente ter sentido(...)"

(Aqueles Dois - Caio Fernando Abreu. In. Fragmentos.L&PM.2010)

quinta-feira, abril 07, 2011

Fragmentos.

I
Esse é tempo de partido,
tempo de homens partidos.
Em vão percorremos volumes,
viajamos e nos colorimos.
A hora pressentida esmigalha-se em pó na rua.
Os homens pedem carne. Fogo. Sapatos.
As leis não bastam. Os lírios não nascem
da lei. Meu nome é tumulto, e escreve-se
na pedra.
Visito os fatos, não te encontro.
Onde te ocultas, precária síntese,
penhor de meu sono, luz
dormindo acesa na varanda?
Miúdas certezas de empréstimos, nenhum beijo
sobe ao ombro para contar-me
a cidade dos homens completos.
Calo-me, espero, decifro.
As coisas talvez melhorem.
São tão fortes as coisas!
Mas eu não sou as coisas e me revolto.
Tenho palavras em mim buscando canal,
são roucas e duras,
irritadas, enérgicas,
comprimidas há tanto tempo,
perderam o sentido, apenas querem explodir.

(Drummond - Nosso Tempo)